quarta-feira, 11 de julho de 2012

Reflexão Crítica – Ciência, Ciência da Informação e Projeto de Pesquisa

A ciência realmente pode ser tudo ou nada daquilo que imaginamos e esperamos. Isso porque ela é dinâmica buscando acompanhar e refletir sobre as mudanças físicas e sociais em curso, e, portanto, tornando-se complexa. A partir dos seus entendimentos e descobertas por meio de estudos altera os conhecimentos, até então, estabelecidos. Sofre influência humana, pois o pesquisador não é neutro na situação. Usa a crítica para verificações e avaliações. Procura se apoderar e se adequar com procedimentos e critérios de conhecimento científico para ser considerada válida e auferir conclusões.

Em essência, a ciência não se caracteriza sob a busca da verdade absoluta, talvez algumas verdade ou interpretações provisórias. Se a realidade está em um processo contínuo de mutação, os conhecimentos não podem ser estáticos ou definidos. Nesse sentido, a ciência serve para obtermos conhecimetnos sobre um aspecto da realidade, com vistas a sua transformação. Onde o homem é o elemento e não o centro da pesquisa, devendo construir e constituir conhecimento real e útil a ele.

Assim, se reforça a ideia de que cada área do conhecimento pode ser analisada e experimentada. A interdisciplinaridade é intrínseca. A Ciência da Informação (CI) é interdisciplinar por natureza porque as questões de informação não podem ser abordadas dentro de uma única área da atividade científica. Essa ciência está capacitada a adquirir e dar às outras ciências às informações que elas necessitam para produzirem conhecimento científico, desenvolvendo abordagens teóricas e metodológicas para atingir os objetivos de estudo segundo o objeto pesquisado. A CI lida com a transferência de conhecimentos, geração, organização, representação, processamento, distribuição, comunicação e uso da informação. E de forma estreita, porém de conteúdo abrangente, ela passou a ser uma instituição de reflexão da informação, como um campo, que estuda a ação mediadora entre informação e conhecimento, seja sobre aspectos técnicos ou sociais. Conferindo um papel teórico e prático: pesquisar e aplicar o componente “informação” seja ele especificado de diferentes formas, processos e fenômenos para transformá-lo em conhecimento como algo com significado.

O projeto de pesquisa em andamento traz o aspecto da realidade corporativa sob o tema da aprendizagem organizacional onde se alinha com os propósitos da ciência por meio do valor transformador na constituição de conhecimentos e de seu uso na avaliação de desempenho profissional e do negócio. Obtendo e construindo conhecimento real e aplicável, e que possa ser útil para orientar o comportamento das pessoas e/ou organizações frente à atual sociedade da informação. Converge-se com a CI organizando as informações de tal forma que possibilite conhecer, controlar, manter ou transformar a parte da realidade a que este conhecimento se refere, como propõe Eduardo Tomanik (2004) no livro “O Olhar no Espelho”.

Na condição de reflexão crítica, para fazer ciência, além dos seus pares de pesquisa, a mesma deve ser julgada pelos próprios méritos, pela investigação de seus objetivos, pela capacidade de alcançá-los, e pelo contexto tecnológico ou social inerente. Exigindo-se, então, razão. E além de conhecer e estudar fenômenos, a produção, o foco de toda ciência deve ser a disseminação compartilhada de conhecimentos científicos.

2 comentários:

  1. Kelly,
    Parabéns pelo blog!
    Adorei a iniciativa e o nome!

    Seguindo a linha de nos conectarmos para discutirmos pesquisas em desenvolvimento nessa jovem ciência, posto a minha reflexão sobre as interrelações entre Ciência, Ciência da Informação e meu projeto de pesquisa:

    Cléria Moreira - Mestranda do PPGCINF/UNB

    A Ciência da Informação (CI) se assemelha as outras ciências em muitos aspectos. A discussão acerca de suas definições e concepções é um exemplo dessa semelhança e o utilizarei nessa reflexão. A CI, mesmo tendo passado mais de meio século do seu nascimento, ainda sofre do problema da indefinição dos conceitos. Em sua arena de discussões, ainda não existe um consenso sobre o seu principal objeto de estudo – a informação. Capurro e Hjorland (2007) alertam sobre a existência de definições persuasivas, que consistem na tendência de se usar e de se definir termos para impressionar outras pessoas. No entanto, os mesmos autores, ao abordarem a definição de termos científicos, defendem que as definições não são verdadeiras ou falsas, mas sim, mais ou menos produtivas para a prática das teorias das ciências aos quais elas pertencem.

    O pensamento desses dois autores em dois momentos de produção científica dá uma ideia de como os questionamentos podem ocorrer até mesmo entre um autor e ele mesmo. Eduardo Tomanik, em seu livro “O Olhar no Espelho”, argumenta que as afirmações científicas são continuamente refutadas e questionadas e que essa crítica é importante dentro da ciência, já que os processos de verificação que se originam delas podem tanto apontar as afirmações inadequadas quanto reforçar o valor daquelas que puderem ser confirmadas.

    A minha proposta de pesquisa irá se apropriar dessa pluralidade de pensamentos no estudo do fenômeno “necessidades de informação” para a comunidade do Tribunal Superior do Trabalho. Para conhecer quais informações os servidores envolvidos no ciclo do processo jurídico necessitam para executar suas atividades laborais serão extraídas da Ciência da Informação, especificamente da Gestão da Informação (GI), as abordagens de Davenport (1994) e Choo (1998). Os dois autores convergem em definir Modelos de Gestão da Informação em uma perspectiva processual que inclui uma etapa de identificação de necessidades de informação. Entretanto, quando o assunto é a aplicação desses modelos, Davenport foca nas pessoas e suas necessidades e Choo em toda a cadeia de valor e na interrelação das atividades.

    Além desses autores, o estudo incluirá também outros autores que discutem o tema em uma perspectiva diferente. Essa diversidade de pensamento contribuirá na construção de um modelo de levantamento de necessidades a ser aplicado na comunidade da pesquisa ou em outra comunidade que usa informação processual.

    O estudo deverá apontar como resultado, entre outros, “que necessidades de informação devem ser atendidas”, “porque elas devem ser atendidas” e ”para quais finalidades?”. Em uma pesquisa como essa, voltada às necessidades do ser social, dificilmente se chegará ao conhecimento da realidade estudada, principalmente, se considerarmos as palavras do professor André Ancona: ao entrevistar as pessoas, levaremos-as a refletirem sobre o fenômeno o que, consequentemente, o mudará.

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    1. Cléria, agradeço sua contribuição e principalmente por compartilhar seus conhecimentos em rede. Bj, Kelly.

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